Facetas de Porcelana e Facetas de Resina: Precauções com a Técnica e Cuidados na Manutenção.

A técnica de Facetas de Porcelana, por vezes chamadas também de lentes de contato odontológicas têm sido grandemente cultuadas e estimuladas pelos entusiastas. Como saber se faço Facetas de Porcelana ou Facetas de Resina?.

Nos últimos anos tornou-se uma febre graças à introdução de materiais muito especiais desenvolvidos a partir do Di-Silicato de Lítio. Esse material permite alcançar alta resistência, excelente resultado estético e versatilidade na aplicação.

Gostaríamos de discutir e alertar o público geral além da classe odontológica sobre a necessidade de critério no planejamento dos casos para evitar sequelas, complicações ou deterioração precoce dos trabalhos de Facetas de Porcelana.

Facetas de Porcelana e Facetas de Resina: Precauções com a Técnica e Cuidados na Manutenção.
Nossos amigos do Laboratório Marques de São Bento do Sul, Santa Catarina, gentilmente nos cederam essas imagens.

As Barreiras da Biologia e da Física

Eu costumo lembrar a clientes que por vezes demonstram achar que é fácil substituir tecidos humanos: é muito difícil desenvolver e processar determinados materiais até que estejam em condições de ser aplicados na substituição desses tecidos humanos. Portanto foram anos de pesquisa para chegar aos materiais que temos hoje.

As pessoas não fazem ideia da perfeição do esmalte dental: a maravilha da criação que permite que um tecido extremamente duro e ao mesmo tempo possuindo certa flexibilidade seja formado e construído pelo órgão formador do esmalte, um dos tecidos mais delicados do nosso corpo, quase uma geleia. Um tecido temporário, que quando o dente finalmente erupciona na boca o órgão formador de esmalte desaparece. Mas o esmalte é capaz de resistir ao trabalho mastigatório, é translúcido, liso, parecido com vidro e um formato que favorece a trituração dos alimentos. O esmalte se forma recobrindo a dentina e é perfeitamente integrado ao ambiente bucal.

Como é possível encontrarmos um material substituto que tenha tais características? Pode ser que um dia cheguemos lá, mas por enquanto o que temos de mais moderno é a porcelana desenvolvida a partir do Dissilicato de Litio. No processo que finalmente dá o formato que será aplicado aos dentes, esse material suporta temperaturas de 900 graus para alcançar a resistência necessária para resistir aos esforços mastigatórios.

Eficiência e Biocompatibilidade

Depois de produzir um material assim, temos que ser capazes de colar ou cimentar esse material em cima dos dentes de maneira a que fiquem muito, muito tempo sem descolar. Além disso precisa passar anos resistindo ao trabalho da mastigação, sem irritar a polpa dental (o nervo dental) e sem prejudicar a gengiva circundante.

Ao fazer menção a respeito da possível irritação pulpar, é conveniente destacar que as Facetas de Resina dificilmente vão produzir tais irritações ao canal dentário. Essa técnica dispensa o desgaste na superfície dental na maioria absoluta das vezes. O dentista só vai realizar desgastes em situações onde for necessário eliminar manchas que estejam no interior ou na formação do próprio esmalte, e mesmo assim o desgaste é muito menor que o preparo para Facetas de Porcelana.

E é nesse momento que finalmente chegamos ao ponto razão desse artigo. Quando o cirurgião dentista planeja e executa um trabalho de Facetas de Porcelana ele não pode pensar somente no resultado estético. Existe um ecossistema ao redor do dente e dentro do dente que pode sofrer consequências do que é realizado em cima desse dente. O dentista deve avaliar primeiramente a saúde bucal do paciente, o posicionamento dentário nas maxilas, presença ou não de diastemas, dentes girados, espaços interdentais diminuídos, hábitos de bruxismos e então determinar se as facetas de porcelana são a opção adequada.

O primeiro elemento do ecossistema: a Gengiva

Qualquer seja o caminho escolhido faceta de resina ou faceta de porcelana é importante destacar que além do fator estético a adaptação dessas facetas junto à margem gengival é um fator crucial para uma boa saúde das gengivas. Em outras palavras, o término dessas peças junto à gengiva precisa ser suave, sem degraus, polido, sem falhas de selamento, sem falhas na adesão do cimento.

Degrau por má adaptação junto à linha gengival podem levar ao acúmulo de placa bacteriana que desencadeará em uma gengivite. Risco de cariar e de produzir manchas por baixo da faceta não pode ser descartado em facetas mal adaptadas ou com falhas no vedamento da cimentação. A foto numero (x) mostra intensa gengivite acompanhando facetas mal adaptadas em um paciente sem instrução de cuidados.

Facetas de Porcelana com problemas de adaptação podem provocar gengivite e destruição dos ossos ao redor dos dentes.
Foto 2 Gengivite desencadeada por facetas mal adaptadas.

Todo o processo descrito no primeiro artigo em que tratamos das Facetas Estéticas pode parecer simples de ser realizado mas exige atenção e paciência além de conhecimento da técnica. A sessão de colagem por exemplo de 10 facetas pode levar um dia inteiro.

Tudo para garantir uma colagem sem contaminação de fluído gengival ou sangue.

Precauções sobre tentativa de compensar desvios de posicionamento dental

Existe casos em que os clientes têm dentes girados ou desalinhados. Quando tais problemas são suaves o dentista pode corrigir (esconder) essas imperfeições através da aplicação das facetas de resina ou de porcelana. Mas isso exige critério. Querer mascarar ou compensar certas distorções e desvios da condição ideal natural, pode ocultar e desencadear ou agravar a Doença Periodontal.

Quem conhece anatomia dental e periodontal sabe que um dente girado na arcada costuma sofrer pela aproximação exagerada entre a raiz dele e as raízes dos dentes vizinhos. Isso também significa uma lâmina de separação óssea muito fina (septos inter-radiculares)  igualmente entre a raiz dele e dos dentes vizinhos.

Mas não e só isso, um dente girado no arco também sofre de uma aproximação exagerada com os vizinhos na região cervical, o “pescocinho” do dente, o ponto em que o dente submerge para dentro da gengiva. Aí nesse ponto a gengiva sofre um estrangulamento pela aproximação entre dentes vizinhos. Isso produz uma falência localizada da gengiva que pode levar à invasão de bactérias e a destruição óssea, que caracteriza a Doença Periodontal.

É necessário analisar se o correto não seria corrigir primeiro essas distorções através de tratamento ortodôntico reposicionando corretamente os dentes envolvidos em sua base óssea. Se não for possível alcançar a perfeição de posicionamento nessa etapa, pelo menos diminuir tais distorções. O resultado final será muito mais estável.

A condição de saúde gengival prévia ao tratamento também é um fator imprescindível para o sucesso na cimentação das facetas. Uma gengiva inflamada vai produzir sangramento provocando distorções na hora da moldagem e do escaneamento.  Na hora da finalização do caso vai impedir um ambiente seco e limpo, comprometendo a eficácia da cimentação. Sem falar na possibilidade de agravamento do quadro pós cimentação.

O segundo Elemento do ecossistema: A Polpa Dental

No primeiro artigo em que falamos sobre as facetas de porcelana deixamos bem claro que a no processo de preparação dos dentes, uma certa quantidade de esmalte dentário precisa ser removido para criar espaço para as facetas de porcelana. O ideal é que o dentista faça um desgaste mínimo para que as facetas se encaixem de maneira adequada, mas na maioria das vezes o desgaste não é tão pequeno assim. Por causa disso é necessário anestesiar o paciente durante o desgaste, durante a execução da moldagem e no momento da cimentação. Sem anestesia o processo pode ser insuportável para o cliente.

Por causa desse desgaste algumas pessoas podem experimentar sensibilidade dentária temporária após a aplicação das facetas e a finalização do caso.  Se for só isso está ótimo.

Quanto mais jovem o paciente e maior for o desgaste dos dentes, maior a chance de produzir uma pulpite, uma inflamação irreversível da polpa dental que trará a necessidade de fazer um tratamento de canal, muitas vezes depois que o caso foi finalizado.

Mesmo na última sessão de colagem das facetas, a superfície da dentina deve estar seca para permitir a adesão do cimento. Mas o dentista também não pode exagerar no jato de ar aplicado para secar. Secar demais pode provocar irritação da polpa dental (nervo dental).

Facetas de Porcelana podem ser a solução para um sorriso mais bonito.

Facetas de Porcelana ou Facetas de Resina?

Uma observação sobre a idade dos pacientes: pacientes mais jovens tem uma camada de dentina mais fina e mais permeável, portanto mais sensível. A área da polpa dental é mais ampla em pacientes jovens. Quanto maior a idade mais espessa a camada de dentina e menor a área da polpa dental, isso melhora tolerância pulpar a essas agressões. Então se você é muito jovem, não tenha pressa em fazer facetas de porcelana. Você corre um risco maior de ter que passar por tratamento de canal em vários dentes.

Em pacientes muito jovens dê preferência às facetas de resina.

Dê preferência às facetas de resina composta por enquanto. Elas também são uma boa opção de tratamento odontológico estético. Elas se constituem de lâminas finas de resina composta que são aplicadas cobrindo a superfície visível dos dentes. Essas facetas podem corrigir imperfeições dentárias, manchas, descolorações, irregularidades, espaçamentos, pequenas fraturas ou dentes ligeiramente desalinhados.

As facetas de resina podem ser uma solução eficaz para melhorar a aparência do sorriso.

Geralmente requerem pouco ou nenhum desgaste do esmalte dentário.

Ao decidir entre Facetas de Porcelana ou Facetas de Resina, lembre-se que pacientes adolescentes provavelmente irão passar por mudanças na linha do sorriso – uma mudança na altura da gengiva – então seria melhor preferir a reversibilidade e a versatilidade que as facetas de resina oferecem.

Em pacientes adultos dê preferência às facetas de porcelana.

Agora se você já tem mais de 25 a 30 anos, aí você tem condições de buscar tratamentos mais estáveis. Você pode buscar por uma solução mais duradoura e melhor em termos de estética. Dê preferência às facetas de porcelana.

Se você guardar na geladeira um molho de tomate. Um pouco em um recipiente de plástico (resinas) e outro tanto em um recipiente de vidro (porcelanas). Ao final de alguns dias, qual dos recipientes estará manchado? Assim as resinas vão exigir uma frequência maior de visitas para realizar polimentos e manter a estabilidade de cor.

Tabela de Comparação entre Resina, Porcelana e Lentes de Contato

ComparaçãoFacetas de ResinaLentes de ContatoFacetas Cerâmicas
Custosbaixo/médioaltoalto
Durabilidade5 anos10 a 20 anos10 a 20 anos
Estabilidade da Corbaixaaltaalta
Naturalidadeboaexcelentemuito boa/excelente
Manutençãoa cada 6 mesesa cada 2 anosa cada 2 anos
Cuidadosnão morder objetos*não morder objetos*não morder objetos*
Reversibilidadesimdepende do desgasteimpossível
Danos à Gengiva*baixobaixobaixo
Danos à Polpamuito baixobaixomédio-alto
* considerando uma margem bem adaptada e acabamento suave junto à gengiva.

*Evitar abrir refrigerantes ou executar qualquer ação que também colocaria em risco os dentes.

Portanto pense bem e analise a melhor opção. Pense com visão de longo prazo e lembre-se de preservar estruturas jovens.

Autor: Nivaldo Pinho Gonçalves,  Periodontista, CROSC 9696.

Sugestão de Leitura https://pdfs.semanticscholar.org/cc08/20f8c7eba2ed4c8f465ba9adf196c2f35073.pdf

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