Doença de Crohn: Conselhos para portadores – A Doença de Crohn é um distúrbio que desencadeia uma inflamação crônica do sistema digestivo. A princípio pode acometer qualquer parte do aparelho digestivo.
A Doença de Crohn pertence a um dos dois principais tipos de Doença Inflamatória Intestinal (DII). A outra variante primordial da DII é chamada de Retocolite Ulcerativa (RU). Ambas a doenças estão classificadas como auto-imunes.
Essa doença geralmente acompanha o paciente ao longo de toda a vida, embora possam ocorrer períodos de boa saúde (remissão) intercalados com momentos de maior atividade dos sintomas (agudizações ou crises).

Doença de Crohn – Conselhos para portadores
Minha autoridade para falar nesse assunto não é exatamente acadêmica. Mas é um testemunho de alguém que há 15 anos sofreu bastante com a doença e que hoje encontrou uma maneira de viver em equilíbrio com a condição. Eu sobrevivi a dois episódios de infecção generalizada em que passei 22 dias internado com um intervalo de 8 meses entre uma internação e outra. Ao longo dos últimos 20 anos passei por episódios de crises e melhoras, e aos poucos, vou aprendendo. Além da importantíssima ajuda da minha médica e das equipes que cuidaram de mim, além das orações de muitos amigos e da família, tenho que creditar minha sobrevida à bondade divina.
É uma doença inconveniente e constrangedora em muitas ocasiões. É de difícil diagnóstico porque os sintomas são semelhantes aos de outras condições menos ou muito mais graves, porém sem uma causa que justifique esses sintomas.
Quase sempre após meses de desconforto, exames e mais exames, passagens por vários profissionais, endoscopias, colonoscopias, biópsias. Mesmo assim por não existirem fatores decisivos para um diagnóstico preciso, o médico acaba por deduzir que pode ser doença de Crohn. Esse relato é muito comum entre os portadores de Crohn.
Atualmente, não existe uma cura definitiva para a Doença de Crohn, mas o uso de medicamentos e, por vezes, a cirurgia, podem proporcionar longos períodos de alívio dos sintomas.
Em muitos casos, a condição progride de forma leve, com poucos surtos, enquanto em outros pode se manifestar com uma gravidade maior. É importante destacar que a Doença de Crohn não é contagiosa.
Quais são os principais sinais da doença de Crohn?
Os sintomas da Doença de Crohn abrangem uma ampla gama, indo de leves a intensos, e podem variar de pessoa para pessoa. Eles também têm a tendência de flutuar ao longo do tempo, alternando entre fases de saúde relativa, com poucos ou nenhum indício (remissão), e períodos de maior atividade dos sintomas (agudizações ou crises).
A Doença de Crohn se manifesta de maneira distinta em diferentes pacientes: alguns podem desfrutar de longos intervalos de bem-estar que se estendem por vários anos, enquanto outros podem experimentar crises com maior frequência.
Sinais e Sintomas no Trato Digestivo
Os indícios também podem variar dependendo da região do sistema digestivo afetada pela Doença de Crohn. No entanto, os sintomas mais frequentemente relatados durante um episódio agudo incluem:
– Desconforto abdominal e diarreia, às vezes com a presença de muco, pus ou sangue.
– Úlceras orais ou aftas.
Sinais e Sintomas no Corpo.
– Perda de apetite e emagrecimento. A perda de peso pode resultar da incapacidade do corpo de absorver adequadamente os nutrientes dos alimentos devido à inflamação no intestino.
– Sensação de cansaço e fadiga, que pode ser atribuída à própria doença, à perda de peso associada às crises, à anemia (conforme explicado abaixo) ou à privação de sono, especialmente se a pessoa precisar acordar frequentemente durante a noite devido a dores ou diarreia.
– Mal-estar geral, com a possibilidade de febre em algumas pessoas.
– Anemia, que se manifesta através da redução dos níveis de glóbulos vermelhos no sangue. O risco de desenvolver anemia aumenta se houver perda de sangue, ingestão inadequada de alimentos ou se o corpo não conseguir absorver os nutrientes dos alimentos de maneira eficaz. A anemia pode levar a uma intensa sensação de cansaço.
Doença de Crohn – Conselhos para portadores
Como a Doença de Crohn impacta o sistema digestivo?
O sistema digestivo se estende ao longo de um tubo contínuo desde a boca até o ânus. Quando nos alimentamos, os alimentos passam pelo esôfago em direção ao estômago, onde os sucos gástricos (responsáveis pela digestão) os desintegram em uma substância semelhante a uma pasta. Em seguida, os alimentos parcialmente digeridos avançam para o intestino delgado, onde são ainda mais desmembrados para que os nutrientes possam ser absorvidos pela corrente sanguínea.
Os resíduos restantes desse processo, ou seja, as partes líquidas e não digeríveis dos alimentos, seguem para o cólon (também conhecido como intestino grosso). O cólon retira a parte líquida e transforma os resíduos em fezes sólidas, que se acumulam no final do cólon. Por fim, no reto os movimentos intestinais terminam por eliminar do corpo o que restou .
A Doença de Crohn desencadeia úlceras e inflamação, afetando a capacidade do organismo de digerir os alimentos, absorver os nutrientes e eliminar os resíduos de maneira saudável.
Essa condição pode atingir qualquer parte do sistema intestinal, embora seja mais comum no íleo (a última parte do intestino delgado) ou no cólon. A inflamação muitas vezes apresenta um padrão irregular, com áreas de intestino saudável intercaladas com as afetadas.
As áreas inflamadas podem variar de tamanho, podendo ser pequenas, abrangendo apenas alguns centímetros, ou estender-se de forma intermitente ao longo de partes do trato gastrointestinal. Além de afetar o revestimento do intestino, a Doença de Crohn também pode penetrar mais profundamente na parede do intestino, levando à formação de abcessos e fístulas (passagens anormais entre órgãos, como entre duas seções do intestino ou entre o intestino e a pele).
A Doença de Crohn pode ser herança genética?
A Doença de Crohn tem uma tendência a se transmitir geneticamente, e os pais com DII têm uma probabilidade ligeiramente maior de ter filhos com a mesma condição. No entanto, estudos revelaram que, para a grande maioria das pessoas, o risco real é bem pequeno.
Então não é possível dizer com precisão se a Doença de Crohn é transmitida. Mesmo com uma predisposição genética – ou seja, um aumento do risco devido aos genes da pessoa – são necessários fatores adicionais para o desenvolvimento da DII.
A doença de Crohn é uma doença auto-imune, por isso é extremamente importante ter precaução com tratamentos que possam potencialmente reforçar um sistema imunológico já hiperativo, pois isso poderia agravar a condição.
Doença de Crohn – Conselhos para portadores
É necessário ajustar minha dieta?

Não há evidências de que algum alimento seja causador e nem muito menos, capaz de curar a Doença de Crohn.Em geral, a ênfase está em manter uma dieta equilibrada e nutritiva para sustentar o peso corporal e fornecer energia, juntamente com a ingestão adequada de líquidos para evitar a desidratação.
Entretanto, em algumas pessoas com Doença de Crohn, determinados alimentos podem desencadear ou piorar os sintomas. Por exemplo, pode ser benéfico reduzir a ingestão de fibras ou evitar trigo, produtos condimentados ou laticínios.
Pode ser útil examinar sua própria dieta para identificar alimentos que possam ter efeitos adversos. No entanto, é essencial buscar orientação de um médico ou nutricionista antes de efetuar mudanças significativas na alimentação, garantindo assim que sua dieta permanece equilibrada e saudável.
Ademais, sabemos que a predominância de certas espécies de bactérias malignas para o intestino são estimuladas pela ingestão de determinados alimentos. Ou seja, essa combinação age aumentando a permeabilidade intestinal que é o fator crítico da doença de Crohn. Podemos sugerir a leitura deste excelente artigo que explica um pouco mais essa relação. A presença de bactérias boas (pro-bióticos) inibe a presença das bactérias patogênicas.
Manter um registro alimentar para monitorar o que você come e qualquer correlação com as mudanças nos sintomas pode ser útil. Em outras palavras: faça um diário anotando o que você está comendo a cada refeição e ao final do dia anote como você se sentiu. Depois você examina esse histórico e tenta encontrar as associações com episódios de mal-estar.
Creio que essa seja a melhor maneira porque cada indivíduo que tem crohn apresenta uma resposta diferente aos mesmos alimentos. E essas respostas também variam dependendo do estágio em que a doença se encontra.
Doença de Crohn – Conselhos para portadores
VIVENDO COM A DOENÇA DE CROHN
Se você tiver uma estenose (estreitamento) intestinal, talvez seja necessário evitar alimentos que sejam mais difíceis de digerir, pois podem causar obstrução. Normalmente, esses alimentos incluem aqueles ricos em fibras insolúveis, como nozes, sementes, cascas de frutas e vegetais, bem como carnes duras ou fibrosas.
Fazer refeições menores e mais frequentes e mastigar bem os alimentos também pode ser benéfico. Seu nutricionista poderá oferecer orientações específicas.
Pessoas com Doença de Crohn têm maior probabilidade de desenvolver deficiências vitamínicas, especialmente se houver dificuldade na absorção de nutrientes devido à inflamação no intestino delgado. Pode ser necessário o uso de suplementos vitamínicos, conforme indicado pelo seu médico:
– A deficiência de ferro é comum e pode levar à anemia. Suplementos de ferro em comprimidos ou infusões intravenosas podem ser prescritos.
– Aqueles que tiveram o íleo terminal (a última parte do intestino delgado) removido ou que apresentam inflamação nessa área podem desenvolver deficiência de vitamina B12, tratada com injeções dessa vitamina.
– A deficiência de vitamina D é comum em pessoas com DII e pode ter implicações no sistema imunológico e na saúde dos ossos. Suplementos de vitamina D podem ser recomendados, especialmente para reduzir o risco de crises.
Conclusão

Se você descobriu que tem doença de Crohn, vai ter que aprender a interpretar o que o seu corpo diz em relação a cada alimento que ingerir. Essa doença é auto-imune, então você precisa evitar coisas que aumentam a tendência do seu corpo inflamar. Na medida em que o estágio da doença permitir: Faça exercícios fisicos! isso elimina toxinas e radicais livres que inflamam o corpo.
Faça experiência de reduzir o glútem e derivados de leite e anote os resultados. Cuidado com rodízios de pizza. Paradoxalmente, cuidado com fibras de vegetais muito difíceis de digerir: couve, abacaxi, bagaço de laranja. Cuidado com pipoca! Dê preferência a fibras mais leves do mamão, da banana, kiwi, maçã. Cuidado com alimentos que tem muito Fitato – por exemplo, feijão e aveia crua!
Nas refeições, diminua a quantidade e aumente a frequência. Faça tudo aos poucos observando o resultado. Não exagere. Não é porque mamão faz bem que você vai comer um mamão inteiro de uma vez. Nozes e castanhas tem muitos nutrientes e podem ser bem tolerados se bem mastigados – mas sem exagero.

Leia e informe-se sobre o Psyllium, conheci este pre-biótico há pouco tempo e minha qualidade de vida deu um salto surpreendente a partir do momento em que eu o incluí religiosamente na minha dieta. Trata-se de uma fibra solúvel que pode ser um grande aliado ao suavizar o trânsito intestinal.
Outrossim, leia essa sugestão de alimentos para portadores de doença de crohn, mas não confie totalmente nela. Você deve testar cada alimento. Ocasionalmente, inocentes fibras vegetais como rúcula, espinafre e couve, podem provocar cólicas, gases intestinais dependendo do estágio da doença ou de possíveis estreitamentos na passagem pelo intestino.
Autor: Nivaldo Pinho CROSC 9696