A higiene bucal dos bebês deve começar antes mesmo dos primeiros dentes surgirem. Embora alguns especialistas recomendem que os pais iniciem esse cuidado quando o primeiro dente nasce, existem benefícios ao introduzir essa prática antes dos primeiros dentinhos.
Além disso, essa rotina diária ajuda a criança a se acostumar com a sensação de boca limpa e a manipulação da cavidade bucal estabelecendo um hábito que deve ser mantido ao longo de toda a vida.
O trabalho de higienizar a cavidade oral dos bebês utilizando a massagem das gengivas estabelece tanto no bebê quanto nos pais o costume diário de cuidar da saúde bucal.

A controvérsia: antes ou depois dos primeiros dentinhos?
Para iniciar o assunto e falando francamente, existem opiniões divergentes sobre o momento de se iniciar a higienização bucal em bebês. Embora a higiene bucal seja fundamental para a saúde oral infantil, boa parte da literatura não aborda a limpeza oral antes do aparecimento dos primeiros dentes.
Consequentemente, as recomendações de organizações profissionais odontológicas e pediátricas sobre o início da higiene bucal em bebês variam. Algumas entidades de Pediatria e Odontopediatria aconselham iniciar a higienização bucal após o surgimento do primeiro dente decíduo, argumentando que antes disso, a ausência de dentes não permite a colonização por bactérias cariogênicas.
Os níveis de Streptococcus Mutans na cavidade oral do bebê são elevados nos primeiros meses de vida. Entretanto a cárie dentária só se desenvolve quando esses e outros microrganismos cariogênicos colonizam os dentes. Então Acreditamos que, devido à falta de dentes e à propriedade de descamação da mucosa oral, microrganismos cariogênicos, como Streptococcus Mutans e Lactobacilos, não conseguem colonizar a cavidade bucal antes do surgimento dos dentes.
A higiene bucal dos bebês: as infecções de Candidíase
Entretanto, a existência da Cândida albicans acaba por promover alguma relevância ao assunto. A C. albicans é um dos tipos mais comuns de fungos encontrados nas membranas mucosas humanas. Ele é oportunista e é considerada uma ameaça quando as condições são favoráveis ao seu crescimento. O crescimento excessivo de Candida na boca pode resultar em Candidíase, que é uma infecção das mucosas. Além disso, uma revisão recente apontou que crianças com Candida albicans têm uma probabilidade cinco vezes maior de desenvolver cárie na primeira infância, especialmente quando expostas a uma dieta rica em açúcar.
Entre 2020 e 2021 a dra Ana Beatriz Silva Lopes realizou uma pesquisa e apresentou informações sobre a relação entre candidíase e higienização bucal em bebês antes da erupção dos primeiros dentes. O Relatório mostra que quase metade das crianças avaliadas (49,1%) tinha a presença de Candida, um tipo de fungo, na boca. No entanto, não encontramos nenhuma diferença significativa entre o grupo de crianças cujos pais praticaram a higiene bucal nos primeiros meses de vida e o grupo de controle. Isto indica que a limpeza oral antes dos dentes nascerem não influenciou a colonização por Cândida (p=0,947).
Por outro lado, observamos que o uso de chupeta (p=0,036) e a ocorrência de alguma doença nas crianças durante o primeiro mês de vida (p=0,003) estavam relacionados à presença de Cândida na boca. Cerca de 13,2% dos participantes apresentaram Candidíase bucal no primeiro mês de vida. Destas 15,4% estavam no grupo controle (ou seja, o grupo que não estava fazendo higienização) e 11,1% no grupo que realizava a higienização. No entanto, essa diferença não foi estatisticamente significativa (p=0,704).
A Higiene Bucal dos Bebês

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A higiene bucal dos bebês
Portanto, concluímos que a prática de higiene bucal antes do nascimento dos dentes não parece estar associada à colonização por Cândida ou à ocorrência de Candidíase Bucal nos primeiros meses de vida do bebê. Em vez disso, o uso de chupeta e a presença de outras doenças nas crianças parecem ter influência na presença de Cândida na boca.
A determinação dos benefícios ou riscos da higiene bucal antes do surgimento dos dentes é fundamental para orientar pediatras e odontopediatras. Isso visa promover a saúde bucal e a qualidade de vida das crianças e suas famílias, proporcionando informações embasadas para tomar decisões informadas sobre o cuidado oral. Portanto há necessidade de se pesquisar mais essa questão.
Finalmente, não existe consenso sobre esse assunto. O que podemos dizer é que certamente existem mais vantagens do que desvantagens em realizar essa higienização antes das primeiras erupções dentárias. E aparentemente não existe danos ou riscos em colocar isto em prática.
Higienização após o surgimento dos primeiros dentes decíduos
Por outro lado, a partir do momento em que temos a erupção dos dentes decíduos existe unanimidade de opinião quanto à necessidade de higienizar. Então existem várias razões para iniciar esse cuidado:
1. Prevenção de cáries: Os dentes decíduos são vulneráveis a cáries, e a higiene bucal adequada é essencial para prevenir a destruição desses dentes. A cárie dentária na primeira infância pode causar dor e desconforto, afetando a alimentação, o sono e o bem-estar da criança.
2. Desenvolvimento da dentição permanente: Os dentes decíduos servem como guias para os dentes permanentes que irão substituí-los. A perda precoce de dentes de leite devido à cárie ou infecções pode afetar o alinhamento e a posição dos dentes permanentes, resultando em problemas de má oclusão e necessidade de tratamento ortodôntico.
3. Estabelecimento de hábitos saudáveis: A introdução da rotina de higiene bucal desde cedo ajuda as crianças a desenvolver hábitos de cuidado oral ao longo da vida. Isso inclui escovação regular, uso de fio dental e visitas ao dentista.
4. Prevenção de problemas bucais secundários: A má higiene bucal em crianças pode levar a infecções gengivais, dor de dente e outros problemas orais que afetam a qualidade de vida da criança e podem exigir intervenção odontológica.
A Higiene Bucal dos Bebês
Como fazer a higiene bucal dos bebês?
A boca do bebê pode ser limpa utilizando uma gaze ou fralda limpa e umedecida, destinada especificamente a esse fim, envolvendo o dedo indicador. Esta limpeza deve ser realizada uma ou duas vezes por dia, utilizando soro fisiológico, água filtrada ou água destilada.
É expressamente desaconselhável e contraproducente o uso de soluções antimicrobianas que exterminem as bactérias nesta fase. Ou seja, a fim de preservar a microbiota oral benéfica que está se formando, não se deve utilizar antissépticos bucais. Os micro-organismos naturais desempenham um papel benéfico no corpo, impedindo que micro-organismos causadores de doenças se estabeleçam.
A indústria de produtos odontológicos e a pediatria também desenvolveram alguns utensílios que podem auxiliar essa tarefa. São dedeiras-escovinha de silicone, escovinhas emborrachadas, mordedores para estimular as gengivas e outros.
Em outro artigo nós abordamos a higienização para crianças em idade um pouco acima dos bebês.
Autor Nivaldo Pinho, CROSC 9696.
Você também pode encontrar mais informações sobre o esse assunto nos seguintes endereços:
http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/handle/1/2603
http://rbp.fmrp.usp.br/como-higienizar-a-boca-do-bebe-que-ainda-nao-tem-dentes/