Halitose – Como combater o mal hálito? Algum parente seu já reclamou ou te avisou para procurar alguma forma de solucionar isso? Você já ficou inseguro ao ter que conversar próximo de pessoas ou dentro de um elevador? Você crê que é capaz de perceber o próprio hálito para saber?
Sinto te decepcionar, mas poucos segundos são suficientes para fazer o seu nariz se acostumar com vários odores diferentes e simplesmente não relatar nada ao seu cérebro e isso é chamado de Fadiga Olfatória. Entretanto é uma coisa natural não conseguirmos saber.
Embora esse assunto possa parecer fácil, não é! Pois existe discussão suficiente a ponto de escreverem livros para tratar da questão. Então eu te convido a fazer uma abordagem prática das situações mais comuns que podem ser solucionadas ou amenizadas com medidas simples para combater o Mal Hálito.

Halitose – Como combater o Mal Hálito? O que é Halitose?
A palavra halitose tem sua origem em “Halitos” – ar expirado – e “Osis” – doença. Mas temos que destacar que nem todo mal hálito é produzido por uma enfermidade. Ao acordar pela manhã, ao ficar horas sem se alimentar, muito tempo sem beber água e sem falar são condições que vão produzir um hálito mais forte facilmente revertido com higiene, hidratação e alimentação.
Nossos Pulmões exalam substâncias desagradáveis quando ficamos muito tempo sem nos alimentar. Isso ocorre porque o organismo passa a retirar energia de resíduos de gordura que ao serem metabolizados liberam substâncias voláteis ricas em enxofre.
Lembre-se que o mal hálito também não é uma doença, ele é um sintoma de que alguma coisa não está funcionando muito bem. Entretanto ele pode ser sintoma de alguma doença ou apenas uma condição fisiológica momentânea.
Qual o primeiro lugar a procurar?
O primeiro lugar a ser pesquisado como causador de mal hálito é a cavidade bucal. A existência de buracos de cáries pode fazer acumular restos de alimentos, células mortas que descamam da mucosa das bochechas e da língua. Essas cáries, se forem profundas pode levar bactérias para dentro dos canais e provocar infecções que liberam produtos voláteis com cheiro de podre.
Um dente com canais contaminados por bactérias sofre com verdadeira putrefação do tecido pulpar. A polpa dental – popularmente conhecido como nervo dental, é em condições de saúde, um tecido vivo com células, sangue, fibras nervosas e pode sofrer invasão por bactérias e suas toxinas. Isso leva à necroso (morte) desse tecido que passa liberar substâncias como putrescina, indol, escatol. Todas estas com compostos sulfurosos extremamente desagradáveis ao olfato humano.
Eu não tenho cáries! De onde vem esse cheiro?
Quando descuidamos na escovação e na utilização do fio dental, acumulam-se bactérias comumente encontradas na cavidade bucal que são percebidas na forma de Placa Bacteriana. É aquela massinha branca pegajosa que se forma no cantinho dos dentes com as gengivas. Essa massinha também acumula na superfície posterior da língua, onde ela ganha o nome de Saburra Lingual. O acúmulo da placa nos dentes e na língua provoca mal hálito.
Como estão as suas gengivas?
Tenha em mente que os jovens costumam ter mais tendência a desenvolver cáries, enquanto que os adultos têm mais tendência a sofrer com a Doença Periodontal. Então a doença periodontal pode se manifestar na forma de Gengivite e quando a gengivite se agrava ela pode se transformar numa Periodontite.
A Doença Periodontal é provocada pela presença de placa bacteriana. Três dias de livre acúmulo de placa são suficientes para iniciar uma gengivite. Porém, no caso de periodontite pode demorar bem mais tempo. Mas o certo é que com essa condição de saúde, a gengiva libera pus e restos necróticos que produzem mal-cheiro.
E se não for na Boca? Pode ser no ar expirado?
Certamente! As vias respiratórias superiores desempenham um papel no processo de respiração e estão intimamente relacionadas com o olfato e o paladar. Algumas estruturas dessas vias podem contribuir para o mau hálito (halitose) quando não estão funcionando adequadamente. Vou falar sobre as tonsilas palatinas e como diferentes condições, como desvio de septo nasal, cornos nasais e cavidades sinusais, podem estar relacionadas ao mau hálito.
1. Tonsilas Palatinas (Amígdalas): As tonsilas palatinas são glândulas linfáticas localizadas na parte de trás da garganta, uma em cada lado. Elas desempenham um papel importante no sistema imunológico, ajudando a combater infecções que entram através do nariz e da boca. No entanto, as tonsilas também podem acumular bactérias, células mortas e detritos alimentares, levando ao desenvolvimento de um odor desagradável, que contribui para o mau hálito. Assim também infecções recorrentes ou crônicas nas tonsilas, conhecidas como amigdalite, podem piorar o problema.
2. Desvio de Septo Nasal: O septo nasal é a estrutura que separa as duas narinas. Um desvio de septo ocorre quando o septo não está centralizado, causando obstrução parcial ou completa de uma das narinas. Isso pode resultar em dificuldade para respirar pelo nariz. Mas o fato de não passar ar por ali também dificulta a limpeza das narinas e produz acúmulo de secreção e odor desagradável.
3. Cornos Nasais e Cavidades Sinusais: Os cornos nasais são projeções ósseas na parede lateral das cavidades nasais. As cavidades sinusais são espaços ocos nos ossos faciais, revestidos por membranas mucosas. Problemas nessas áreas, como infecções sinusais crônicas ou obstruções, podem resultar em acúmulo de muco, que pode ter um odor desagradável e contribuir para o mau hálito.
Respiração Bucal
Lembre-se que a respiração bucal também pode contribuir para a secura da boca e das gengivas criando um ambiente favorável para o crescimento de bactérias produtoras de odor, que podem causar mau hálito.
Halitose – Como combater o Mal Hálito? Doenças Sistêmicas
Sim, várias doenças sistêmicas podem contribuir para o desenvolvimento de mau hálito:
1.Diabetes: Pessoas com diabetes mal controlado, podem apresentar um odor frutado ou doce na respiração, conhecido como hálito cetônico. Isso ocorre devido ao acúmulo de cetonas no corpo.
2. Doenças Renais: Problemas renais podem resultar em um cheiro de amônia na respiração, devido à incapacidade dos rins em filtrar adequadamente as toxinas do corpo.
4. Doenças Hepáticas: a cirrose, pode causar um odor desagradável na respiração devido ao acúmulo de substâncias tóxicas no corpo.
5. Doenças Respiratórias Crônicas: a bronquite e pneumonia, podem contribuir para o mau hálito devido a infecções e acúmulo de muco.
6. Síndrome de Sjögren: Esta doença autoimune afeta as glândulas produtoras de saliva e pode levar à secura na boca, favorecendo o crescimento bacteriano e causando mau hálito.
7. Câncer: Cânceres na boca, garganta, pulmões ou esôfago podem causar mau hálito devido ao crescimento anormal de células e ao acúmulo de tecido necrótico.
Diante de tantas possibilidades a melhor coisa é irmos mapeando e eliminando uma a uma as possíveis causas até encontrar a solução. As propostas a seguir possivelmente vão resolver 90 por cento dos casos:
Medidas práticas para combater o mal hálito:
Halitose – Como combater o Mal Hálito?
Beba mais água: nossa boca é um ambiente com intensa descamação de células das bochechas, da gengiva, da língua. A própria saliva tem proteínas que servem de alimento para algumas espécies de bactérias proteolíticas e anaeróbias. Então mesmo que você esteja em jejum existem bactérias se alimentando e produzindo substâncias sulfurosas voláteis. Assim, lembre-se que a hidratação do corpo permite uma melhor produção de saliva e a renovação do ambiente.
Existe até uma recomendação da quantidade de água que pode ser calculada com base no peso da pessoa. A cada kilograma de peso recomenda-se 30ml de água por dia. Então, se você pesa 60 kilos x 30ml = beba 1,8 litros de água por dia. Desse modo, aquela garrafinha pra dar uns goles ao longo do dia funciona muito bem.
Sobretudo, alimente-se a cada três horas: quando ficamos muito tempo sem nos alimentar, a glicose do sangue pode diminuir a ponto que nosso corpo começa a utilizar reservas de gordura para produzir energia. Ou seja, esse fenômeno libera ácidos graxos voláteis que são expelidos nas trocas pulmonares, logo, o ar expirado dos pulmões se torna desagradável. Assim, pessoas em regime de emagrecimento sofrerão este fenômeno totalmente fisiológico.

Halitose – Como combater o Mal Hálito?
Para quem não está de regime, coma uma maçã: é excelente para combater o mal hálito. Ela induz salivação, promove atrito com os dentes e outras superfícies, o que ajuda a remover placa bacteriana, células mortas, e saburra lingual.
Para quem não está de regime, coma uma maçã: é excelente para combater o mal hálito. Ela induz salivação, promove atrito com os dentes e outras superfícies, o que ajuda a remover placa bacteriana, células mortas, e saburra lingual
Lembre-se que uma dieta muito rica em carnes, gorduras, bem como alimentos ricos em enxofre: alho cebola brócolis couve-flor alcachofra. Semelhantemente comidas muito temperadas, todas essas condições podem fazer com que o pulmão exale compostos sulfurosos durante horas.
Halitose – Como combater o Mal Hálito?
Escove os dentes de maneira eficaz: ao escovar você deve se esforçar por fazer a cerda da escova chegar os pequenos espaços que são esconderijos para bactérias produtoras de fermentação. Em um outro artigo você pode aprender a Técnica de Escovação de Bass, extremamente eficiente.
Utilize fio dental de maneira eficiente. Temos um artigo orientando essa prática e um vídeo demonstrando como fazer.
Escove a língua: na parte mais posterior da língua, no chamado dorso da língua é comum a formação da saburra lingual. É o depósito de placa bacteriana em cima das papilas e rugosidades naturais desta região. A existência de sulcos anatômicos profundos na língua pode agravar o acúmulo de bactérias e restos celulares provenientes da descamação celular ou restos de alimentos. Adquira um raspador lingual para tornar mais eficiente este passo.
Você pode adquirir um Raspador de Lingua na OralBox
Halitose – Como combater o Mal Hálito?
As escovas de dentes não são a forma mais eficientes para esta tarefa. Procure adquirir um raspador de língua. Existem tamanhos e modelos variados. Os modelos em “V” são particularmente auto adaptáveis a tamanhos de línguas e a diferentes regiões da língua.
Utilize soluções antissépticas sem álcool ou você pode diluir água oxigenada 10 volumes meio a meio com água e fazer gargarejo por dois minutos. Ou 1/3 de água oxigenada, 1/3 de enxaguante bucal sem álcool e 1/3 de água filtrada. Você pode deixar essa solução pronta em uma frasco. Essa medida elimina aquelas bactérias anaeróbias da saburra lingual de partes mais difíceis de alcançar no dorso da língua e até nas tonsilas palatinas.
Lave as vias respiratórias superiores com soro fisiológico. Utilize uma seringa comprada em farmácia. Você pode lavar com soro fisiológico utilizando certa pressão auxiliado por essa seringa. As narinas abrigam poeira, restos celulares e muco. Rinites e sinusites pioram essa condição. Alguns indivíduos tem o agravante de possuir septos nasais com desvios e reentrâncias que acumulam muitos resíduos malcheirosos. Realizar essa operação uma vez por dia será de grande ajuda.
E se isso não resolver?
Consulte um dentista para descartar a existência de Cáries, doença periodontal, próteses antigas, coroas provisórias confeccionadas com materiais porosos inadequados. Próteses fixas mal adaptadas com pequenas frestas impossíveis de limpar podem abrigar restos de alimentos e bactérias.
Consulte um Otorrinolaringologista para examinar as vias aéreas. A presença de Criptas nas tonsilas palatinas costuma acumular os Cáseos. O que são Cáseos? São bolinhas malcheirosas compostas por restos de alimentos e células mortas que ocasionalmente se soltam. Nesse sentido os gargarejos com água oxigenada orientado acima podem ajudar também.
Ademais, consulte um gastroenterologista. Os casos de halitose provocada por regurgitação ácida são minoria, mas existem.
Além disso, não fume, o Tabagismo produz um hálito terrível.
Aliás, bebidas alcoólicas também podem contribuir fortemente para halitose.
Em suma, você pode começar com as primeiras medidas mais simples relacionadas e vai avançando com essas soluções mais complexas, por eliminação conforme o resultado alcançado.
Autor: Nivaldo Pinho Gonçalves, Periodontista, CROSC 9696.
Como sugestão de leitura, um artigo PDF bastante denso se você quiser se aprofundar no assunto : https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/5604/1/PPG_%2023469.pdf